eu sou chama;
ela, pólvora.
ela chama,
me provoca -
eu esquento,
a gente estoura.
*
Eu disse-lhe que não. Eu disse-lhe que não.
Eu disse-lhe que não. Eu disse-lhe que... &
pedi-lhe tal vez que me dissesse
talvez. Ela disse-me talvez & eu
disse-lhe que sim. Eu disse-lhe que sim &
pedi-lhe que me dissesse sim. Disse que..
*
Preciso cultivar a mente. Não tanto quanto o corpo. Antiga mentira: "Mens sana in corpore sano". In corpore sano mens insana, deveria-se dizer. A chuva dos últimos dias - umidade que invade pelas gretas da mente - gerou cogumelos imensos no jardim das ideias. Asquerosos, de cor doentia, fortes de eternidade - ideias. Ídolos da deusa. Gero melodias inéditas de Bártók. A pulsação nervosa, o estridente gemer violino - ao fundo outras cordas. Vejo, sim, o Enforcado de cabeça para baixo. A corda que prende seu pé-scoço - grossa corda, gozo imenso. Sim, Eu sou o Enforcado. Encaro seus olhos - a palidez da cara - na cara do espelho. O vermelho que escorre não é sangue, mas sol que se põe para além da esperança (busco para expressar o que conto, não uma linguagem florida - metáforas em vasos na sala de visitas -, mas a linguagem exata que relata o real [creia-me se for capaz {desta capacidade que reside menos na fé do que na consciência daquele que se teme} e escute o que digo com a confiança de um amigo] perfeitamente límpido) - e escuto os meus passos que ecoam pelo vale. Atravesso sob a sombra das árvores, encoberto dos outros e de mim. Preciso estirpar os cogumelos da mente. Preciso cultivar as ideias como a um jardim. E da saúde do corpo da mente fazer a saúde da mente do corpo. Preciso cultivar-me ao nada em meio ao tudo.
Adeus, parto em busca de outros e novos horizontes!
*
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