vendredi 25 novembre 2011

Pensées

Je ne pense pas que je sois.

L'obligation d'être heureux
nous rend creux.

& le bonheur coûte cher.

Je suis un peu trop vieux,
peut-être, pour Rimbaud.

Intraduisible vérité.

Ce qu'on fait îci-bas,
on paie aussitôt.

Il ne nous reste qu'adieu.


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mercredi 23 novembre 2011

Les quatre cents coups

texte écrit par les élèves Sérgio et Monique.

Réalisateur: François Truffaut
Titre en français: Les quatre cents coups



Le film "Os incompreendidos" (Les quatre cents coups) raconte l'histoire d'Antoine Doinel, un jeune réprimé par ses parents, principalement par sa mère. Il provoque beaucoup de confusions à l'école, où il mène une enfance entre la négligence familiale et les méthodes très anciens et autoritaires de l'éducation. D'abord, Antoine râte les classes pour regarder des films au cinéma et pour jouer avec son ami, René. Après, il commence à vivre dans la rue et à faire des petits vols - vie menée jusqu'à ce qu'il soit pris par la police en volant une machine d'écrire dans le bureau où son père travaille. Ensuite, il est conduit à un Centre de Détention pour Déliquants. Là-bas, Doine continue à recevoir un traitement répréhensif et dictatorial - fait qui culmine avec son évasion en quête de liberté, symbolisée par son arrivée à la mer.




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mardi 22 novembre 2011

Aurora, Livro II - 138, de Nietzsche


Tornando-se mais terno. - Se amamos, adoramos, admiramos alguém, e depois vemos que esta pessoa sofre - sempre com espanto, pois só podemos pensar que a nossa felicidade, que dele se origina, vem de um rico manancial de felicidade própria -, então o nosso sentimento de amor, adoração e admiração transforma-se em algo essencial: torna-se mais terno, ou seja: o fosso entre ela e nós parece ligar-se por uma ponte, uma aproximação de igualdade parece ocorrer. Apenas então julgamos possível retribuir, já que antes o imaginávamos acima de nossa gratidão. O fato de poder retribuir nos proporciona uma grande alegria e elevação. Buscamos adivinhar o que suaviza sua dor, e lhe damos isso; se quer palavras de consolo, olhares, atenções, presentes, serviços - lhe damos isso; mas, sobretudo: se nos quer sofrendo com o seu sofrimento, damo-nos por sofredores, mas em tudo isso tendo o prazer da gratidão ativa: que é, em suma, a boa vingança. Se não quer e não aceita absolutamente nada de nós, afastamo-nos frios e tristes, quase doentes: é como se nossa gratidão fosse rejeitada - e, nesse ponto de honra, mesmo o indivíduo mais bondoso é suscetível. - Segue-se, de tudo isso, que mesmo no caso mais favorável existe algo degradante no sofrimento, e exaltador e conferidor de superioridade na compaixão; o que separa eternamente esses dois sentimentos.


Nietzsche, Friedrich Willhelm, 1844-1900. Aurora: reflexões sobre os preconceitos morais; tradução, notas e posfácio Paulo César de Souza - São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

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lundi 21 novembre 2011

Necroverses


Don't make me feel sorry for the dead,
the candle of their life has reached the end.
All the light will eventually extinguish
& no more anguish will blow in the wind.

We are all about to die,
if we're not already dead.



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Next poem

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lundi 14 novembre 2011

Sabendo francês podemos ser mais felizes


Matéria escrita por Ignácio de Loyola Brandão e retirada do site do Estadão.

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso%2csabendo-frances-podemos-ser-mais-felizes-%2c794415%2c0.htm



Não me considerem esnobe, exibido. Mascarado, como se dizia na minha infância. Não usam mais a palavra? Tão atual. O que há de gente mascarada no mundo. Vou dizer o óbvio. Para desfrutar melhor Paris, a Provence celebrada, e outros, sabendo francês, os prazeres multiplicam-se por cem, o desfrute por duzentos, a alegria por quinhentos. Mesmo que você tenha ido apenas para fazer compras, como a maioria dos brasileiros, que pedem descontos em português mesmo e em altos brados (ou em brado retumbante), vale a pena aprender francês.

O parisiense muda quando você se dirige a ele na sua língua, ainda que precariamente, como eu. Quem não gosta de uma pessoa que chega e você percebe o esforço que ela faz para se expressar em sua língua natal? Assim, vale a pena aprender francês para poder caminhar à vontade em Paris deixando-se envolver por ela, sabendo um pouco mais.

Claro, o francês não é importante apenas por isso. Mas já é um enorme handicap. Há as revistas, os milhares de livros traduzidos do mundo inteiro, o cinema, a música, até a facilidade nas compras. Só poder ler a gigantesca coleção La Pléiade (projeto de uma vida) no original é uma bênção, raras vezes igualada. Ou os fólios, delicados, sensuais? Hoje estamos aprendendo apenas o que o mercado chama de línguas úteis, como o inglês, o japonês, o mandarim. Mandarim? (Eu lá quero falar chinês?) Para vencermos na vida? Nos tornarmos empreendedores? Sermos alguém? Mas o que é ser alguém? Tudo tem de ter aplicação prática? Se é assim, acabemos com o ensino brasileiro, ele não leva a nada, do jeito que está estruturado.

Há na nossa vida algo que é preciso preencher. Uma necessidade interior de espírito, contemplação do mundo, da vida, avaliação das coisas. Encarar a existência como algo que precisa de alimento. Foram eliminando as línguas de todos os cursos, a não ser alguns muito especializados. Tive no ginásio português, inglês, francês, latim e espanhol e posso dizer que isso me ajudou. Mas vieram deletando tudo, como se diz. E o francês se foi por meio de ministros que só pensam em política. O atual quer a Prefeitura de São Paulo, imaginem. Nem administrou direito o Enem.

A primeira palavra que aprendi em francês foi: nous. Estava no primeiro ano do ginásio. Tínhamos aulas de francês desde o primeiro dia com mademoiselle Fanny, uma graça de pessoa. Perguntamos: "Por que a senhora começou com o nous, que significa nós, e não com o je, que quer dizer eu?" Ela sacudiu o dedo: "O nous somos todos, é o coletivo, a classe. O je é muito individualista." Esses eram os professores que tínhamos. Jamais dona Fanny falou em português na aula. Nos virávamos para saber o que ela queria dizer. Ela sabia conduzir a lição, de maneira que descobríamos os significados e as pronúncias às vezes sutis do francês, língua tão poética, sensível, cheia de nuances, e ao mesmo tempo incisiva. Dificuldades terríveis para diferenciar Anne (Ana) de âne (asno). A professora insistia, queria a perfeição. Nesta minha idade, penso, dia desses entrar para a Aliança Francesa a fim de aperfeiçoar minha precariedade.

Donna Fanny ainda está lá em Araraquara. Até algum tempo atrás, quando eu a encontrava na rua, ela me dizia, como sempre disse ao entrar na classe:

- Bonjour, mon enfant!

- Bonjour, madame.

- Mademoiselle, mademoiselle...

Ria, afetuosa. Aos 14 anos estávamos lendo Alexandre Dumas no original. Não era fácil, mas a gente acabava gostando, se imaginava na França. Também Victor Hugo, Lamartine, Chateaubriand, depois Balzac, Flaubert, Stendhal. Hoje chegaríamos a Le Clézio, Houellebecq, Jonathan Littell, Georges Perec. Aos 16 tivemos acesso a Jaques Prévert, que deslumbramento! A poesia entrava em nós por meio de Aragon, Paul Valéry, Verlaine, e, claro Rimbaud e Baudelaire, o maldito. Também Céline, complicado, Camus, os romances de Sartre, um pouco de Proust (eu mantinha a tradução do Quintana do lado). Toda semana, nos anos 50, havia um filme francês no cinema. Fanny insistia para que fôssemos. Não era exigir muito, sabíamos que algumas estrelas francesas como Martine Carol, Claudine Dupuis e Françoise Arnoul mostravam os peitinhos, era um avanço na nossa vida sexual. Mas havia Arlety, Edwige Feuillère, Maria Casarés, soberbas. E Gerard Philippe, jamais substituído. Hoje minhas paixões são Juliette Binoche, Irene Jacob, Marion Cotillard. Por outro lado, descobrimos os filmes de Marcel Carné, de René Clair, André Cayatte, Jean Delannoy, Robert Bresson, clássicos. Depois, digerimos toda nouvelle vague, que mudou a linguagem do cinema.

Nós, que aprendemos francês, tivemos sempre algo mais dentro de nós. De coisas pequenas e grandes. Não estou aqui para fazer lista e apenas para insistir numa coisa muito simples: sabendo francês, sempre me senti um pouco mais feliz na vida. Uma delas foi ouvir, recentemente, do garçom de um bistrô; "Monsieur, vous êtes du quartier?" (O senhor é do bairro?) Que, como Eros Grau diz em um livrinho delicioso sobre Paris, é um sinal de que você está sendo aceito. Coisa nada fácil para um estrangeiro. Que volte o francês às escolas!







E eu assino embaixo!

Obrigado pela dica da matéria, Raquel Jorge!



Au revoir et à très bientôt!

dimanche 13 novembre 2011

pensamentos


"nenhuma filosofia resiste a uma boa trepada."

"vender o corpo para alimentar a alma."

"ao fazer um pedido, nunca imponha uma condição..."

"poesia? um tesouro que não pode ser roubado... - para quê serve? onde nada mais serve, eis que aí serve a poesia..."

"eu, porém, já não sou eu. nem é minha casa a que foi minha..."



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jeudi 10 novembre 2011

poésie moderne

Le monde moderne
étouffe
la poésie.
Comme un accord
distordu,
elle se tord
souffre, gémit

mais survit.




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mercredi 2 novembre 2011

Carta para a amiga (11-10-11)

[...]

O conforto me foi negado por tanto tempo que chego a duvidar de que um dia virei a encontrá-lo. Mas isto talvez faça parte da minha própria natureza: jamais me contentar... Sempre quero o que não tenho. É algo que às vezes me incomoda, mas que também me motiva. Já faz uns dias, durante um final de semana, por exemplo, aproveitando uma festa louquíssima em Ouro Preto, acordo no domingo de manhã e - quase como se não fosse eu quem o fizesse, mas um outro que não sou - escrevo:


"Não posso estar bem aqui,
não posso estar bem ali.
O bem-estar nunca achei
em meio aos bens que busquei.

De tudo quanto vivi
apenas o que perdi
(ou que não tive) prezei:
e tal é do mundo a lei.

Estar bem no que não tenho,
que só posso ter em sonho -
mas que se tenho desdenho.

Estar bem no bem que sonho:
para Onde vou, d'Onde venho...

Onde estou sempre tristonho."


Mas alguns momentos de tranquilidade ainda me são permitidos, não é? As aulas de francês são um alívio constante... Principalmente porque minhas turmas começam a alcançar níveis mais "avançados" - subjuntivos e condicionais da vida. O estudo do alemão vem se mostrando fertilíssimo! Um grande amigo que acaba de voltar da Alemanha e eu estamos "estudando" em transcriações do Rilke para o português. Enfim... A Arte é muito longa para tão curta vida e a gente faz o que pode.

Trabalho ainda com a produção de um livro mito-poético - de temática andaluza do século XIII - um pouco auto-biográfico, mas da vida que não pôde ser minha... E este projeto me consome o resto de tranquilidade. Empenho-me, mas já não sei se estou à altura do sonho...


Bem, no mais é isto, né?

A cada vez que a gente se corresponde é como se uma vida inteira tivesse passado - eu, pelo menos, tenho a impressão de ser outro-outro-outro -, sem que nós (esta palavra bacana que já traz a ideia de NÓ mesmo) tenhamos mudado um nada sequer! E é engraçado o que você disse sobre "ter saudade da imagem que faço de você", pois há uns meses escrevi algo parecido para uma garota que não me via há muito tempo e que dizia sentir muito minha falta:


"Não podes certamente ter de mim saudade -
visto que nunca me tiveste,
posto que em tempo algum tu me terás.

Tens certamente uma saudade do que pensas
dentro em ti que seja eu -
mas desta ideia não me participa a essência
e é menos do meu ser do que do teu
que sentes, qual certeza, esta saudade.

Pois a saudade é impossível de algum outro.
Lembramo-nos saudosos de nós mesmos,
mesmo se em pensamento um outro temos -
um outro outra estrada para os próprios ermos.

Não quero que confundas quando afirmo
o jamais me teres tido
com a vontade de fazê-lo, tendo-o dito.
Creio em ti,
mas é em mim que já não posso crer...
Ainda que o meu ser esteja em ti,
ainda que o meu ser tu clames ser...
Eu firme confirmo que tua saudade
não tem fim,
posto que não pôde ter começo."


Enfim... Não que eu ainda o pense hoje como ontem o pensei.

Mas isto é verso e versa-e-vice! ;)


Beijos saudosos,

Rafa!

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